Robson Z. Conti
Pesquisador Senior
Joined: 09 Jan 2012
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Location: Jundiaí
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Posted:
Mon Apr 09, 2012 10:01 pm Post
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Olá Bosco (e olá pessoal),
Em relação ao tempo e ao espaço serem absolutos, não
vejo isto como uma questão de escolha. Simplesmente não tenho conseguido
concebê-los relativos.
Na hipótese deste universo passar ao estágio de
contração rumo a um Big-Crunch, caso o tempo fosse inextricavelmente ligado
ao espaço, o tempo deveria passar ao contrário. Além de desafiar de forma
gritante à razão, este tipo de evento jamais foi observado.
Temos contração gravitacional ocorrendo em diversas
estruturas deste universo e jamais observamos os eventos passando ao
contrário, como em um filme rodado para trás. Este cenário não encontra
amparo lógico ou observacional e ainda tornaria efeitos anteriores às suas
causas, contrariando também o princípio da causalidade.
O próprio Einstein, ao ser confrontado com esta
questão, respondeu que isto contrariaria ao bom senso. Então, por que é
que, se a razão e as observações devem dar a última palavra, devemos
aceitar uma tese cujas implicações, levadas às últimas consequências,
produzem cenários que nem o meu amigo Einstein, autor da proposta, ousou
sustentar.
Há ainda o fato da velocidade medida de fótons (luz)
e neutrinos ser virtualmente a mesma (299.792,458 Km/s). Se a Teoria da
Relatividade estiver correta, ainda assim o fóton manterá uma velocidade dos
mesmos 299.792,458 Km/s em relação ao neutrino. Ou seja, mesmo com
velocidade virtualmente idêntica à da luz, um neutrino “veria” um fóton
“passar por ele” no vácuo à mesma velocidade que passa por nós, ou seja,
com os mesmos 299.792,458 Km/s.
Isto me deixa um tanto quanto desconfiado. Afinal,
por que este privilégio? Pelas equações de Maxwell descreverem a luz de
maneira matematicamente correta? Além de ter o privilégio de provocar
movimentação de corpos sem ter massa, no efeito fotoelétrico?
Em relação a isto, verifiquei que, apesar do fóton
atualmente ser considerado como sendo estritamente sem massa, isto está
sendo objeto de pesquisa e que, se o fóton não for efetivamente uma
partícula desprovida de massa, ele não poderia mover-se exatamente à velocidade
da luz no vácuo (era só o que faltava, a luz não poder mover-se à
velocidade da luz).
Sua velocidade deveria ser inferior. O mais estranho
é a afirmação dos especialistas de que as conclusões da Teoria da
Relatividade não seriam afetadas por isto e que, a assim chamada velocidade
da luz, deveria então não ser a real velocidade na qual a luz se move, mas
uma constante da natureza, a qual seria a máxima velocidade que qualquer
objeto poderia teoricamente alcançar no espaço-tempo e que isto ainda seria
a velocidade das ondulações do espaço-tempo, ondas gravitacionais [jamais
observadas ou detectadas] e grávitons [idem], mas ela não seria a
velocidade dos fótons.
Ou seja, apenas ondulações de espaço-tempo se
propagariam à velocidade da luz (talvez por serem consideradas sem massa).
Há ainda a teoria de que houve um período de hiperinflação neste universo
(com o que concordo), em que ele teria expandido o espaço a velocidades
superluminares, muito acima da velocidade da luz, o que me deixou em dúvida
se isto também não teria violado o postulado de que a velocidade da luz não
poderia ser ultrapassada por nenhum sinal portador de informação, pois o
espaço que inflou continha informação térmica (fótons, portanto).
Outro detalhe que me vem a respeito deste assunto é
que, se o espaço é função da existência de campos gravitacionais, como o
afirmam os físicos atuais, para que ele se expandisse na espantosa taxa que
teria sido de 1030 a 1060 ou mais, estão deveríamos
ter uma expansão, também nos mesmos níveis, destes campos e da quantidade
de matéria.
Mas o grande problema da constatação de que o fóton
não poderia mover-se realmente à velocidade da luz é que a Teoria da
Relatividade foi formulada quando Einstein verificou a impossibilidade de
viajar emparelhado a uma onda eletromagnética, a qual estaria então sendo
observada parada, de acordo com a relatividade galileana.
Esta por sua vez considera (e eu também) que a
velocidade de um corpo qualquer em relação a outro que se desloque no mesmo
sentido é proporcional à diferença de velocidade entre estes corpos, em
relação a um preferencial comum, de modo que um veículo deslocando-se a cem
quilômetros por hora terá vinte quilômetros por hora de velocidade em
relação a um que esteja deslocando-se a oitenta quilômetros por hora – com
velocidades tomadas em relação ao solo e deslocando-se no mesmo sentido,
evidentemente.
Quando Einstein, em função de que a luz, como onda
eletromagnética que seria, percebeu que esta não poderia ser jamais
observada parada por qualquer observador, qualquer que fosse a velocidade
deste, necessitou optar entre a relatividade de Galileu (neste caso no
sentido de “relacionada a”, em vez de “não-absoluta” como é o caso da
relatividade einsteiniana) e as equações de Maxwell, ele, como físico
teórico que era, optou pelas equações, ou seja, pela representação da
natureza e não pela própria. E o fez da maneira intelectualmente mais
honesta possível, diante de dados contraditórios que estavam deixando a
Física paralisada à época.
Humildemente considero que nós não podemos escolher
as implicações das teses. Se uma tese prevê que o espaço e o tempo são
interligados e inseparáveis, e isto implicar que (1) contração
gravitacional produzirá efeitos antecedendo suas causas, (2) eventos se
passando ao contrário do que ocorreu e (3) fótons passando por neutrinos à
mesma velocidade que passam por nós, ou nós observamos isto ou a tese será,
no mínimo, desprovida de evidências objetivas que a sustentem, além de
complexa demais para descrever a realidade.
Esta complexidade é tal que o modelo daí resultante
não pode ser expresso de forma geometricamente estruturada, nem mesmo
através dos mais avançados recursos de computação gráfica, de forma que não
há desenhos, figuras e muito menos fotos que representem de forma completa
o universo daí resultante.
Estou atualmente considerando que esta situação é
muito destoante de uma Física que diz se fundar em observações e medições,
pois não há observações e muito menos medições que sirvam de evidência
objetiva, de forma que, até onde consigo perceber, esta orgulhosa física do
início do século XXI funda-se em equações e em interpretações cuja validade
enquanto representação da realidade é, no mínimo, discutível.
Outro detalhe é que o espaço e o tempo não deixaram
de ser absolutos. O que ocorreu é que passamos a uma quase unanimidade [o
que é um perigo, as unanimidades costumam ser burras – vide o caso do
Ptolomeu] de aceitação da tese de que o espaço e o tempo são interligados
nos círculos acadêmicos especializados em Física (o restante da academia e
das pessoas não discute, pois a linguagem matemática é inacessível à
maioria e impede o diálogo, mas também não aceita passivamente, dizem que é
assunto de loucos – nossa fama não anda nada boa – e que os loucos que se
entendam).
Apenas mudou a maneira como a maioria dos
especialistas vê o espaço e o tempo, mas estes não mudaram, são o que são e
continuarão sendo, relativos ou absolutos, tenhamos nós correta percepção
ou não deles.
Já quanto à relatividade galileana, peço licença ao
nobre colega, mas vou discordar frontalmente neste quesito. O próprio
Einstein, em seu livro “A Teoria da Relatividade Especial e Geral”
[Contraponto, ISBN 85-85910-27-5] afirma textualmente à página 23 que “se
todo raio luminoso se propaga em relação ao solo com a velocidade c,
justamente por isto, a lei da propagação da luz em relação ao vagão tem que
ser diferente. Isso está em contradição com o princípio da relatividade”.
[galileana]
Em seguida ele tece longas considerações em que,
fundamentalmente, diz que a medição de algo representa a sua realidade, e
não a medida deste algo, o que é um detalhe que, no meu humilde ponto de
vista, faz toda a diferença. Apesar destes termos serem utilizados como
sinônimos na atual fase da física, humildemente considero que medida e
medição são entidades distintas.
A medida é um valor que está intrinsecamente ligado
ao objeto, grandeza ou evento.
A medição é um processo que usamos para avaliar esta
quantidade, normalmente por comparação com padrões.
A medida é objetiva (concreta), pois independe da
existência de qualquer outra estrutura ou entidade que não seja ela
própria. A medição é subjetiva (abstrata) pois depende da existência de
seres que realizem o ato de medir, mesmo que através de dispositivos
automáticos de medição.
Eu disse que considero que este detalhe faz toda a
diferença porque nos permite distinguir a realidade (medida) da ideia,
representação ou avaliação que somos capazes de produzir dela (medição).
A realidade é o que ela é e independe totalmente de
nós. Já a nossa capacidade de avaliar os valores intrinsecamente existentes
é limitada e se considerarmos que uma é idêntica à outra estaremos, no meu
humilde ponto de vista, assumindo a representação que somos capazes de fazer
de algo como idêntica a este algo.
E abrindo a Caixa de Pandora para o conhecimento
humano, pois seremos imediatamente transportados para um inferno conceitual
do qual não escaparemos até fechar a caixa, passando a considerar que a
realidade das coisas é algo objetivo, ou seja, concreto e independente de
nossa capacidade de avaliá-la.
Seria como dizer que uma foto em 3D, de altíssima
definição (holográfica e com todos os avanços tecnológicos) de uma maçã,
seria idêntica a ela. E não é. Pois não produzem os mesmos efeitos, que é o
que, na minha humilde opinião, nos permite verificar a essência e a
identidade de algo. Não há como nos alimentarmos da imagem holográfica,
mesmo tendo aparência indistinguível da maçã. Já outra maçã, mesmo que seja
visualmente muito diferente, será muito mais próxima da maçã fotografada
pois, em essência, podem produzir um conjunto de efeitos muito similares.
O meu amigo Einstein negou a relatividade galileana
para a luz, a qual passou a ser considerada com velocidade fixa, independente
da velocidade de seus observadores (tanto que ele chamava suas teses de
“Teoria das Invariações”, por contrapor-se à relatividade galileana).
Em relação ao éter, eu não advogo a existência de um
éter em repouso neste universo, muito pelo contrário. Humildemente defendo
que há fluxos de partículas primordiais (adotei o nome préon - do Abdus
Salam - para diferenciá-las do éter luminífero, imóvel em relação ao
espaço) e que estes fluxos permeiam todo este universo.
Para ser mais exato defendo a tese de que não há nada
imóvel neste universo, e que o que as teses do meu amigo Einstein chamam de
tecido do espaço-tempo seria a região do espaço (absoluto) em que
existissem estes fluxos, em movimento constante e curvos, como a superfície
e as camadas da atmosfera da Terra.
http://commons.wikimedia.org/wiki/File:UniversoSustentavelTerra.png
A maneira que o meu amigo Einstein fez para conciliar
relatividade galileana com a invariabilidade da velocidade da luz pode ser
genial, reconheço. Mas, descreve adequadamente a realidade?
Uma teoria que só pode ser compreendida por quem
tenha grande conhecimento e intimidade com a matemática, inacessível
portanto à imensa maioria da população deste planeta, e que nos leva a ser
chamados de loucos por quem não comunga das mesmas crenças, está em sentido
diametralmente oposto ao que grandes homens, inclusive o Einstein,
esperavam de uma teoria completa. Vejamos o que disseram algumas destas
pessoas.
“Entretanto, se descobrirmos de fato uma teoria
completa, ela deverá, ao longo do tempo, ser compreendida, grosso modo, por
todos e não apenas por alguns poucos cientistas.” [Hawking]
“Você pode reconhecer a verdade por sua beleza e
simplicidade. Quando você a apreende corretamente, é óbvio que ela é
correta... porque sempre se revela mais simples do que você pensava.”
[Feynman]
“Quanto mais nos aproximamos da verdade mais simples
se tornam as coisas.” [Schroedinger]
“A natureza ama a simplicidade.” [Kepler]
“A natureza é fundamentalmente simples” [Einstein]
A verdade é sempre encontrada na simplicidade, e não
na multiplicidade e confusão de coisas [Newton]
Não me arrogarei da pretensão de ser mais genial que
o meu amigo Einstein. Ele tirou a física do início do século XX de um beco
sem saída e este humilde aprendiz, dada sua condição, somente pode se
propor a procurar por um modelo apenas mais simples, nunca mais genial.
No meu humilde ponto de vista, Einstein produziu este
modelo em uma condição de absoluta honestidade intelectual, apenas tentando
descobrir, como ele disse, “os pensamentos de Deus”. O que também considero
válido para Bohr e Heisenberg, pais das interpretações que passaram a ser
conhecidas como mecânica quântica e das quais também discordo por razões
análogas às que têm me levado a opor-me ao modelo relativista: excessiva
complexidade e falta de evidências ao se observar o mundo sem interferir
com ele (as medições na física de partículas são feitas em aceleradores e
sistemas similares, em que interferimos com o objeto de estudo e analisamos
as consequências disto em vez de apenas observar, de forma que a limitação
nas medições é decorrente e inerente ao método de medição, e não ao objeto
em estudo).
Na minha humilde e simples opinião, um modelo que
propõe que apenas uma partícula (préon), uma força (mecânica elástica), uma
lei (ação e reação), uma estrutura (células de convecção), um mecanismo
(tentativa de equalização da densidade de partículas e estruturas), DESDE
QUE CONSIGA EXPLICAR OS FENÔMENOS OBSERVADOS, é o mais simples que se possa
não apenas encontrar, mas também conceber.
Desde que o concebi, venho colocando-o à prova, ao
fazê-lo explicar a maior quantidade possível de fenômenos, no que, na minha
humilde opinião, ele tem se saído bem.
Em nome da imparcialidade e da isenção, no entanto,
obrigo-me a considerar que posso estar me equivocando na análise destes
fenômenos e, em vista disto, já solicitei o auxílio de outras pessoas da
área, as quais, no geral, têm me colocado que o modelo não apresenta
contradições e explica da maneira mais simples os fenômenos observados (mas
estas pessoas também podem estar equivocadas).
Caso você (e quem mais se disponha) queira desafiar
esta humilde conjectura a explicar as observações que fazemos, ficarei
extremamente grato.
Quanto à evaporação de buracos negros, você pode
encontrar a posição do Hawking à página 119 (capítulo 4) d’O Universo Numa
Casca de Noz.
Um grande abraço e boa sorte a todos nós.
PS: Não tentei conciliar a relatividade galileana com
a tese da invariabilidade da velocidade da luz em relação a todos os
observadores (relatividade einsteiniana), pois atualmente estou entendo
que, até evidência objetiva ser apresentada, um observador que morasse em
um neutrino não veria a luz deslocar-se com velocidade “c” em relação a
ele.
Caso alguém forneça evidências objetivas disto ou de
efeitos antecedendo às suas causas devido à contração gravitacional,
imediatamente acatarei a estes fatos e as teses que os preveem. Até lá,
prefiro não contrariar aos fatos observados e à não observação de outros.
Mais um abraço e boa sorte a todos nós.
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O mundo é simples, é tudo igual, é tudo célula de
convecção.
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