Sismologia também é cultura


Robson Z. Conti
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Posted: Mon Feb 27, 2012 8:34 am Post subject: Sismologia também é cultura




http://earthquake.usgs.gov/earthquakes/recenteqsww/Quakes/quakes_big.php

Update time = Mon Feb 27 10:26:50 UTC 2012

MAG UTC DATE-TIME y/m/d h:m:s LAT deg LON deg DEPTH km Region

MAP 5.4 2012/02/27 06:16:50 -34.636 -16.212 10.0 SOUTHERN MID-ATLANTIC RIDGE
MAP 5.4 2012/02/27 05:07:49 46.919 152.757 74.0 KURIL ISLANDS
MAP 5.0 2012/02/27 03:01:56 -24.870 -177.696 9.9 SOUTH OF THE FIJI ISLANDS
MAP 5.2 2012/02/27 01:11:48 23.890 123.276 30.8 SOUTHWESTERN RYUKYU ISLANDS, JAPAN
MAP 5.0 2012/02/27 00:33:49 -6.513 154.903 93.9 BOUGAINVILLE REGION, PAPUA NEW GUINEA
--------------------------------------------------------------------------------
MAP 5.1 2012/02/26 19:37:09 -24.946 -177.247 10.2 SOUTH OF THE FIJI ISLANDS
MAP 5.0 2012/02/26 16:27:14 -18.005 -178.493 587.0 FIJI REGION
MAP 5.1 2012/02/26 13:49:59 -24.626 -177.226 14.5 SOUTH OF THE FIJI ISLANDS
MAP 5.0 2012/02/26 12:12:24 -24.674 -177.448 10.1 SOUTH OF THE FIJI ISLANDS
MAP 5.2 2012/02/26 11:59:06 51.760 96.013 9.5 SOUTHWESTERN SIBERIA, RUSSIA
MAP 5.1 2012/02/26 11:17:03 -24.874 -177.243 10.0 SOUTH OF THE FIJI ISLANDS
MAP 5.2 2012/02/26 11:07:41 51.709 96.108 10.0 SOUTHWESTERN SIBERIA, RUSSIA
MAP 5.0 2012/02/26 09:23:10 -24.774 -177.292 10.1 SOUTH OF THE FIJI ISLANDS
MAP 5.4 2012/02/26 08:08:52 -18.831 -69.298 96.5 TARAPACA, CHILE
MAP 6.7 2012/02/26 06:17:20 51.731 95.921 11.7 SOUTHWESTERN SIBERIA, RUSSIA
MAP 5.6 2012/02/26 05:24:55 -32.435 -177.666 10.7 SOUTH OF THE KERMADEC ISLANDS
MAP 5.5 2012/02/26 05:21:32 -24.529 -177.323 65.1 SOUTH OF THE FIJI ISLANDS
MAP 5.2 2012/02/26 02:46:26 -24.724 -177.310 39.5 SOUTH OF THE FIJI ISLANDS
MAP 5.9 2012/02/26 02:35:00 22.701 120.853 22.4 TAIWAN

A bacia do Pacífico está com atividade sísmica muito acima do padrão, tanto em quantidade quanto em magnitude. Em geral quebras de padrão apontam que algo não costumeiro está para acontecer. Espero estar equivocado ou que, caso ocorra algo, seja em regiões pouco ou nada povoadas.
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Robson Z. Conti
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Posted: Wed Feb 29, 2012 8:19 am Post subject:




http://earthquake.usgs.gov/earthquakes/recenteqsww/Quakes/quakes_big.php

>< Parece que foi alarme falso. Ainda bem.
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Posted: Thu Mar 01, 2012 12:15 am Post subject:




Fiz dois tópicos que acompanham todos os terremotos que ocorreram no Brasil e em Portugal.

Terremotos no Brasil

Terremotos em Portugal
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Robson Z. Conti
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Posted: Thu Mar 01, 2012 6:40 am Post subject:




Para terremotos no Brasil este endereço pode ser melhor.

http://www.obsis.unb.br/

Para informações sobre sismologia o blog do professor George Sand França (UnB) é muito bom.

http://www.tremordeterra.blogspot.com/

[]s
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Xevious
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Posted: Fri Mar 02, 2012 10:02 am Post subject:




Robson Z. Conti wrote:
Para terremotos no Brasil este endereço pode ser melhor.

http://www.obsis.unb.br

Cara esse site é muito bom
inclusive mostra terremotos de grau 2 inclusive
que por onde eu fazia pesquisas só aparecia de 3 em diante

e confordo é melhor sim

só que como é automatizado é meio genérico
lá naquele meu tópico, tem algumas informações mais personalizadas
como neste exemplo onde tem uma entrevista com os moradores da localidade do terremoto, além de fotos dos efeitos do terremoto.
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Robson Z. Conti
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Posted: Wed Apr 25, 2012 9:03 am Post subject:




A quantidade total de terremotos (conforme http://earthquake.usgs.gov/earthquakes/map/) subiu de 6883 para 7457 (8,34%) em 15 dias. O mais significativo, na minha humilde opinião, é o que ocorreu com os tremores acima de M4.5 e até 300 Km de profundidade (os demais praticamente não têm como causar danos).

Eles subiram de 401 para 490 (22,19%), o que fatalmente leva a um aumento significativo também da magnitude média, em tão curto tempo.

Além disto, tivemos tremores acima de M8, o que não ocorria desde o terremoto de Japão em março de 2011, por sorte sem danos significativos desta vez devido à localização.

Além disto, já foram dois terremotos acima de M8 no mesmo ano, o que não ocorria desde 2007 (na década de 1990 tivemos apenas seis tremores acima de M8 [média 0.6/ano], na década de 2000 foram 13 [média 1.3/ano] e 4 desde 2010 [média 2/ano]).

Isto me leva a aludir a possibilidade do meu temor, expressado em 27/02, não ter sido efetivamente equivocado como expressei logo a seguir.

Um grande abraço e boa sorte a todos nós.
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Robson Z. Conti
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Posted: Tue Aug 14, 2012 11:30 am Post subject:




Nas últimas semanas, conforme se pode constatar em http://earthquake.usgs.gov/earthquakes/recenteqsww/Quakes/quakes_big.php e em
http://earthquake.usgs.gov/earthquakes/map/, a quantidade de tremores M5+ no hemisfério sul está bem acima do normal, com uma concentração pouco rotineira deles na dorsal meso-atlântica sul (estão ocorrendo eventos também na dorsal norte do Atlântico). Esta concentração, apesar de ser pouco rotineira, não é inédita. Nas demais vezes que ela ocorreu nesta década, houve tremores importantes nos países da costa oeste da América do Sul, notadamente no Chile, precedidos em poucos dias por tremores também importantes no oeste do Pacífico.

Hoje [14/08] tivemos um importante tremor no oeste do Pacífico, conforme se pode ver abaixo.

http://earthquake.usgs.gov/earthquakes/recenteqsww/Quakes/usc000bz29.php

MAP 7.7 2012/08/14 02:59:42 49.784 145.126 625.9 SEA OF OKHOTSK

Ainda bem que a profundidade foi grande e os riscos minimizados. Se o padrão for mantido, podemos ter um na faixa de M7+ no oeste das Américas, sendo que o padrão é que seja mais ao sul.

O cenário atual aponta ainda algum tempo (de alguns dias a algumas semanas) antes da sequencia padrão oeste do Pacífico - oeste da América se repetir (ou não, sismologia não é meteorologia, ainda não aprendemos a prever terremotos com precisão apresentável).

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Posted: Mon Aug 27, 2012 7:34 pm Post subject:




Robson Z. Conti wrote:
Se o padrão for mantido, podemos ter um na faixa de M7+ no oeste das Américas, sendo que o padrão é que seja mais ao sul.

Conforme previsto, se as informações do USGS estão corretas, tivemos um tremor muito forte (M7.3) na costa oeste das Américas. Espero que pare por aí, mas estas coisas ainda estão fora do nosso controle e conhecimento.

Dia 14.08 eu postei o texto acima e, de lá para cá, conforme informações disponíveis no endereço http://earthquake.usgs.gov/earthquakes/map/ houve 51 tremores de M5.0 para cima. Das zero horas do dia 14 até quase a metade do dia de ontem (26) tivemos 36 tremores nesta faixa, uma média de 3 tremores por dia. Às 11:22 de ontem houve um tremor...

MAP 5.4 2012/08/26 11:22:23 -65.439 -179.843 10.0 PACIFIC-ANTARCTIC RIDGE

...o qual aparentemente foi o gatilho que liberou outros eventos, pois de lá para cá tivemos (até as 17:55 UTC) 15 eventos de M5.0 para cima (10 somente hoje), sendo que um deles foi o...

MAP 7.3 2012/08/27 04:37:20 12.278 -88.528 20.3 OFFSHORE EL SALVADOR

...que eu estava desconfiado que ocorreria na costa oeste das Américas. Na maioria das demais vezes em que ocorreram as condições que antecederam este tremor, o sismo de maiores proporções foi mais ao sul, mas também já tivemos casos na costa oeste do México, Estados Unidos (Califórnia/Oregon), Canadá e até no Alaska (que anda atipicamente calmo).

A observação de regularidades é um dos instrumentos que podem ser utilizados para construirmos conhecimento a respeito do mundo. Quando as regularidades são extremamente previsíveis, elas passam a ser consideradas leis naturais ou até mesmo princípios. Um outro processo para aquisição de conhecimento é entendermos o processo pelo qual se dão as regularidades, o que nos permite não apenas fazer previsões acertadas mas também algum controle sobre os acontecimentos.

Não é este o caso da sismologia. Mesmo havendo uma rotina que me permitiu prever com alguma antecedência que haveria um tremor de maiores proporções (um tremor deste porte libera energia equivalente à detonação de 67 bombas de Hiroshima e por sorte ocorreu em condição em que não tivemos vítimas e nem destruição) na costa oeste das Américas, não me permitiu nem de longe afirmar quando ou em que ponto seria, e nem se não teremos mais tremores de alta magnitude na área prevista ou em qualquer outro ponto do planeta nas próximas horas ou dias.

O pouco que sabemos apenas nos dá condição de alguma previsibilidade quanto ao tamanho e à região. Ainda assim, eu jamais moraria na Califórnia ou no Alaska (se bem que algumas regiões do Brasil também estão fora dos meus planos, mas não pelos terremotos, fora de possibilidade de controle, e sim por outros fatores, tristemente controláveis mas não gerenciados de maneira eficaz).

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Xevious
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Posted: Wed Aug 29, 2012 2:15 pm Post subject:




Houve um aumento de atividades sismicas na américa do centro e norte.
Mas houve uma diminuição na América do Sul..
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Robson Z. Conti
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Posted: Wed Aug 29, 2012 9:59 pm Post subject:




Oi Xevious,

Quando houve o tremor M7.3 na costa oeste da América Central, ele desestabilizou uma região que já é uma das mais instáveis do planeta, que vai do norte da Colômbia até o Alaska, o que está produzindo o cenário que você está descrevendo.

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Robson Z. Conti
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Posted: Fri Aug 31, 2012 10:42 pm Post subject:




Vou aproveitar este evento para tratar deste assunto com um pouco mais de detalhes. Pois, apesar de nosso conhecimento a respeito deste assunto não ser nem perto do que gostaríamos, é evidente que nossa mente fica excitada quando deparamos com um tipo de ciclo repetitivo, o que nos leva a procurar explicá-lo com as informações que temos.

Como é amplamente aceito pela comunidade científica, a crosta do nosso planeta está dividida em diversas placas tectônicas, as quais possuem movimento em sentidos diversos, o que acaba sendo responsável pelos eventos sísmicos que felizmente são raros em nosso país, mas corriqueiros como uma simples chuva em outras regiões do planeta.

Apesar da divisão, as placas tectônicas são todas encostadas e interligadas, de forma que eventos aparentemente distantes e desconectados, são na verdade interdependentes. De forma bem geral, o sentido do movimento de cada uma das principais placas é:

- Placa Africana: nordeste, afasta-se das Américas.
- Placa Sul-americana: noroeste, afasta-se da África.
- Placa Norte-americana: noroeste/oeste/sudoeste, afasta-se da Europa e da África. O fato do afastamento se dar em diversos sentidos é devido à costa leste estar derivando para noroeste, a região central para oeste e a costa oeste para sudoeste, o que pode ser observado no endereço...
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Global_plate_motion.jpg
- Placa de Nazca (oeste da América do Sul): leste, afasta-se do Oceano Pacífico.
- Placa do Pacífico: noroeste, afasta-se das Américas.
- Placa da Eurásia: nordeste/leste/sudeste, afasta-se da África e da América do Norte. Este caso é similar ao da América do Norte, pois a Europa deriva para nordeste, a Ásia central para leste e o oriente da Ásia para sudeste.
- Placa da Arábia: nordeste, afasta-se da África.
- Placa Indiana: nordeste, afasta-se da África.
- Placa Australiana: nordeste, afasta-se da Antártida.
- Placa Antártica: praticamente imóvel. Este é um caso muito especial, a placa praticamente não se move mas o continente antártico se distancia o tempo todo da dorsal que a separa do restante do planeta, conforme eu já detalhei no artigo...
http://forum.if.uff.br/viewtopic.php?p=8206#8206. Cada placa se distancia dela a taxas irregulares (em torno de 9 cm Pacifico, 6 cm América do Sul, 1,5 cm África e 7 cm Austrália). Dá a impressão de fazer o papel de uma trava que mantém o encaixe das demais placas.

Estes afastamentos são mútuos, de forma que, por exemplo, nos 3,5 cm de afastamento entre a América do Sul e a África, estão tanto o movimento do nosso continente (em torno de 1 cm sentido noroeste) quanto da África (em torno de 2,5 cm sentido nordeste)

Acredito que pode ter sido notado (e estranhado) que todas as placas estão se afastando, mas isto é absolutamente normal, visto que os continentes estão derivando, com a ocorrência de um fenômeno chamado “crescimento do leito oceânico”. Só que do outro lado, sempre tem alguma placa se aproximando ou mesmo diminuindo, sendo absorvida pelas regiões de subducção, com exceção da Antártida e da África, as quais não possuem regiões de subducção e todas as dorsais se afastam delas, para o que ainda não encontrei explicação, mas que entendo que não é algo com que devamos nos ater no momento, pois isto não afeta a tentativa de explicar a regularidade observada em termos de atividade sísmica.

No caso em questão, quando da ocorrência da regularidade que me permitiu prever a região (oeste da América do Sul) e a magnitude de um tremor (eu previ M7+ e ele foi M7.3) temos um significativo aumento da atividade sísmica na dorsal que separa as Américas da África e da Europa, seguido por um aumento da atividade de médio porte (M5.0 a M6.9) em diversas partes do mundo, passando em seguida a ao menos um evento de maior intensidade (M7 para cima) na região oriental do Pacífico, o qual é seguido de ao menos um tremor de intensidade similar na costa oeste das Américas. Ocorre também de uma diminuição dos tremores de menores magnitudes (menores que M5) nos dias que antecedem aos tremores acima de M7.

Como se pode perceber do quebra cabeças de placas mais acima descrito, que pode ser melhor acompanhado ao visualizar o mapa no link do Global Plate Motion (deriva continental com base no GPS) e o mapa encontrado no endereço...
http://pubs.usgs.gov/gip/dynamic/graphics/Fig1.jpg
...entre a América do Sul e a África há uma fenda da qual emana magma e força o afastamento dos dois continentes.

Quando há um aumento na quantidade e principalmente na potência da atividade sísmica nas dorsais que nos afastam da África é porque passou a haver a necessidade de um maior esforço para que este afastamento se produza pois, já que ali as duas placas estão se afastando, não deveríamos ter eventos mais fortes, o que denota que alguma resistência está sendo oposta em outros locais.

Pelo lado da América do Sul, o que se contrapõe a este afastamento é a placa de Nazca, a qual “nasce” poucos milhares de quilômetros a leste da costa chilena, em processo idêntico ao que existe entre a África e a América do Sul, ou seja, uma fenda da qual jorra o magma que faz o crescimento das placas. Pelo lado da África a oposição é feita apenas pela placa do Pacífico, pois as placas africana, arábica, australiana, indiana e eurasiana derivam para o leste.

É interessante que o material que forma a placa do Pacífico sai da mesma fenda a oeste da América do Sul onde também flui material para formar a placa de Nazca, a qual se opõe à deriva da América do Sul, ou seja, apenas duas fendas, (com dezenas de quilômetros de extensão, no entanto) provêm material e equilíbrio de forças para termos relativa estabilidade neste planeta.

Em resumo, como a placa do Pacífico é que se opõe à deriva da África para leste e a placa de Nazca, a qual se opõe à deriva da América do Sul para oeste, está encostada na placa do Pacífico (do lado oposto ao lado da placa do Pacífico que se opõe à deriva da África), então a oposição que resulta em maiores atividades sísmicas na dorsal (as tais fendas de onde emana o magma para o crescimento das placas são assim chamadas) entre as Américas e a África são originadas da Placa do Pacífico.

Como o magma continua saindo e empurrando os continentes, os pontos que estavam produzindo esta resistência começam a ceder um atrás do outro, inicialmente onde tínhamos menor resistência em todas estas placas (entre a placa africana e a do Pacífico existem as placas africana, arábica, australiana, indiana e eurasiana) e, finalmente, nos pontos finais, sempre na placa Pacífico ou de Nazca, ou seja, no extremo oriente e na costa oeste das Américas, os tremores são maiores.

Aparenta-me que o fato de tremores de menor porte diminuírem muito em quantidade nos dias que antecedem a tremores de maiores proporções deva-se ao fato das placas terem entrado em uma condição de forte oposição aos seus movimentos, o que impede a maioria dos tremores, gerando a necessidade de liberação de um ou mais pontos que estejam travando ao conjunto, produzindo com isto sismos maiores.

Conforme já disse em outro texto, os grandes tremores na costa oeste das Américas têm sido mais ao sul (o tremor de M7.3 foi pouco acima da linha do equador), o que me deixa um tanto quanto intrigado com a relativa calmaria mais ao norte, no trecho que vai da costa oeste do México até o Alaska.

Ali há uma situação especialmente interessante, pois a placa norte-americana e a do Pacífico movem-se muito rapidamente para o oeste, com a placa do Pacífico movendo-se com muito maior velocidade que a norte-americana. Não me parece um lugar muito promissor nos próximos dez ou vinte mil anos.

[]s

PS: Eu já tinha preparado este texto quando ocorreu mais um sismo de grandes proporções na porção oriental do Pacífico.

MAP
7.6 2012/08/31 12:47:35
10.838 126.704 34.9 PHILIPPINE ISLANDS REGION

Conforme coloquei mais acima, quando esta sequência de eventos se passa, há “ao menos um evento de maior intensidade (M7 para cima) na região oriental do Pacífico, o qual é seguido de ao menos um tremor de intensidade similar na costa oeste das Américas”. Como já tivemos dois do lado de lá, isto pode estar indicando que a tensão pode não ter sido totalmente liberada na placa do Pacífico. Barbas de molho, portanto.
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Robson Z. Conti
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Posted: Mon Sep 03, 2012 1:52 pm Post subject:




Olá pessoal,

O endereço a seguir pode ser bastante útil neste assunto.
http://revistapesquisa.fapesp.br/2012/08/10/abrindo-a-terra/

[]s
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Robson Z. Conti
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Posted: Wed Sep 05, 2012 8:03 pm Post subject:




Robson Z. Conti wrote:
quando esta sequência de eventos se passa, há “ao menos um evento de maior intensidade (M7 para cima) na região oriental do Pacífico, o qual é seguido de ao menos um tremor de intensidade similar na costa oeste das Américas”. Como já tivemos dois do lado de lá, isto pode estar indicando que a tensão pode não ter sido totalmente liberada na placa do Pacífico. Barbas de molho, portanto.

Conforme eu estava temeroso, o sismo M7.6 que ocorreu na porção oriental do Pacífico no dia 31/08 teve o seu correspondente (outro M7.6) na região ocidental do mesmo, na costa oeste das Américas.

MAP 7.6 2012/09/05 14:42:10 10.120 -85.347 40.8 COSTA RICA
http://earthquake.usgs.gov/earthquakes/recenteqsww/Quakes/quakes_big.php

Espero que a tensão tenha sido liberada e que os tremores de grande magnitude parem por aí. Não posso deixar de notar, no entanto, que a calmaria na costa oeste da América do Norte, em termos de tremores de médio ou grande porte, está me deixando intrigado. Neste tipo de situação alguns tremores médios aparentam ser salutares, pois vão liberando as tensões sem grandes solavancos.

[]s
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Xevious
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Posted: Thu Sep 06, 2012 1:45 pm Post subject:




Costumo dizer que minha esposa é do futuro..

Ontem ela me disse que hoje em dia todos podem se preparar para os terremotos, porque basta olhar no GoogleMaps e ver onde acontecerão terremotos e qual intensidade deles.

Isto poderá ser realidade no futuro (de onde ela deve ter vindo hehe)

Mas estamos ainda engatinhando neste tipo de previsão..
e é compreensível, já que são muitas variantes imprevisíveis


Mas acho que estamos atrasados quanto a previsão de Tsunames.
Hoje em dia, se ocorre um terremoto grande no mar, então é divulgado um alerta de tsuname.

Mas acho que teríamos condições de concluír se terá ou não tsuname.

Afinal o relevo já é todo conhecido, inclusive do mar e o fator mais importante pra formação de um Tsuname é o formato do leito oceânico do local do terremoto..
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Robson Z. Conti
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Posted: Thu Sep 06, 2012 7:53 pm Post subject:




Xevious wrote:
Costumo dizer que minha esposa é do futuro..

Ontem ela me disse que hoje em dia todos podem se preparar para os terremotos, porque basta olhar no GoogleMaps e ver onde acontecerão terremotos e qual intensidade deles.

Saber que existirão terremotos em alguns lugares todo dia é fácil, afinal é mais fácil não chover na Amazônia do que ter terremoto no Japão, no Chile, na Califórnia e em uma boa quantidade de outros locais.

O problema é prever os grandes, aqueles de M6,5 para cima e em baixas profundidades, capazes de causar grandes danos materiais e à população.

De vez em quando a repetição de alguns padrões me dá condição de prever que “algo maior” está para ocorrer em regiões tão grandes e em espaço de tempo tão largo que torna a previsão pouco eficaz para evitar a perda de vidas humanas.

Com a continuidade das pesquisas, acabaremos por encontrar meios de prevê-los de forma mais útil. Um caso muito interessante pode ser visto no endereço...

http://tremordeterra.blogspot.com.br/2011/10/olhar-para-ceu.html

...no qual são relatadas pesquisas que mostram que ocorreram alterações na ionosfera antes dos megatremores que devastaram o Japão e o Chile. Se isto for confirmado, sistemas sofisticados de alarme podem ser instalados de modo a prevenir a população destas áreas e salvar milhares de pessoas (mesmo que casas caiam, se você estiver fora delas será uma grande vantagem).

Mesmo que atualmente estejamos detectando variações antes de tremores acima de M8.5, no futuro poderemos aperfeiçoar técnicas que nos permitirão melhorar a sensibilidade para detectarmos níveis menores mais ainda assim potencialmente muito perigosos.

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Xevious
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Posted: Thu Sep 13, 2012 2:16 pm Post subject:




Mas Robson, especificamente quanto aos Tsunames, acredito que estamos atrasados em termos de concluir que um terremoto causará Tsuname ou não.

Pois, depois de um terremoto, temos todas as informações necessárias.
Força, localizaçao geográfica, profundidade
e também conhecemos muito bem a geografia do nosso planeta
e inclusive o relevo dos leitos dos oceanos

todos os parametros estão aí, mas nos falta a formula...
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Robson Z. Conti
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Posted: Fri Sep 14, 2012 12:41 am Post subject:




Xevious wrote:
quanto aos Tsunames, acredito que estamos atrasados em termos de concluir que um terremoto causará Tsuname ou não.

Ao que me parece há modelos que calculam com razoável precisão a propagação das ondas, eu me lembro de ter visto simulações nos terremotos de maior impacto nesta década. Apesar disto, o pessoal andava meio esquecido do que um tsunami é capaz. Eu já tinha escutado a respeito deles, mas precisei de décadas para ver uma ocorrência (na anterior eu era muito novo, foi em 1960).

Depois das últimas ocorrências, o que o pessoal tem feito é dar alarme a qualquer tremor acima de M6 em regiões costeiras. Este tipo de coisa tem de ser muito rápido senão não dá tempo de correr morro acima, que é o que se pode fazer nestes casos.

[]s
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Xevious
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Posted: Fri Sep 14, 2012 5:51 pm Post subject:




Robson Z. Conti wrote:
Eu já tinha escutado a respeito deles, mas precisei de décadas para ver uma ocorrência (na anterior eu era muito novo, foi em 1960).

Este se esquecendo do gigantesco Tsuname de 2005 (eu acho)
aquele que ocorreu na India, mas as ondas chegaram até a Africa
Quote:
Este tipo de coisa tem de ser muito rápido senão não dá tempo de correr morro acima

Acho que com o potencial dos computadores de hoje em dia, um cálculo destes não seria muito demorado

(me lembro de quando na década de 90 mandei o Corel Draw fazer uma renderização e iria demorar 2 dias pra terminar, cancelei né, hoje em dia, meu celular que já tem 4 anos, faz renderização de auto-cad e tranquilamente.., um iPhone5 com os 4 núcleos então..)
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Robson Z. Conti
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Posted: Fri Sep 14, 2012 7:34 pm Post subject:




Xevious wrote:
Este se esquecendo do gigantesco Tsuname de 2005 (eu acho)

Este foi o primeiro que eu vi e estava me referindo a ele. [O tsunami foi em dezembro de 2004]
Xevious wrote:
Acho que com o potencial dos computadores de hoje em dia, um cálculo destes não seria muito demorado

É mais rápido (e muito mais seguro!) correr primeiro e calcular depois.

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Robson Z. Conti
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Posted: Mon Sep 17, 2012 10:49 pm Post subject:




Robson Z. Conti wrote:
Um caso muito interessante pode ser visto no endereço... http://tremordeterra.blogspot.com.br/2011/10/olhar-para-ceu.html
...no qual são relatadas pesquisas que mostram que ocorreram alterações na ionosfera antes dos megatremores que devastaram o Japão e o Chile.

Com a verificação de alterações na ionosfera terrestre até dezenas de minutos antes de grandes sismos, um bom desafio será tentar dizer, como é que um terremoto que ainda não ocorreu produz alterações a dezenas ou centenas de quilômetros de altitude, até 40 minutos antes!

Há vários fatores que causam alteração na ionosfera. São eles o vento solar, raios cósmicos, atividade solar (erupções solares, manchas, ciclo solar) e o campo magnético terrestre. De todos estes fatores, o único que teria condições de alterar as condições da ionosfera, a centenas de quilômetros acima da superfície terrestre quando da iminência de um terremoto, seria uma alteração no campo magnético terrestre naquela região.

Em função da disformidade do campo geomagnético, a ionosfera é também irregular, havendo inclusive o que se chama de Anomalia Geomagnética do Atlântico Sul, região na qual o campo magnético terrestre é menos espesso, o que faz inclusive com que o telescópio espacial Hubble não faça observações quando passa por ela (ele fecha o “olho” para não correr o risco de ser atingido e ficar cego).

O terremoto M8.8 em 27.02.2010 no Chile teve profundidade de 35 km e o M9.0 do Japão em 11.03.2011 teve profundidade de 24 Km, segundo o USGS (www.usgs.gov), ou seja, não foram muito profundos, o que foi péssimo para seres humanos, pois causaram grandes danos. Esta baixa profundidade os colocaria ainda na crosta terrestre se os epicentros dos terremotos tivessem ocorrido em região continental. Como ocorreram em subsolo oceânico, apesar de estarem ainda na litosfera, estavam na região de transição entre ela e o manto, ou seja, no manto superior.

Dadas as características mecânicas, térmicas e a rigidez do manto superior não se diferenciarem muito das observadas nas camadas inferiores da crosta, o fato dos terremotos terem ocorrido nele aparentemente não poderiam explicar terem ocorrido alterações na ionosfera anteriores aos sismos de grande magnitude pois, para tanto, alguma alteração capaz de alterar o campo magnético terrestre seria necessária, o que seria inviável neste tipo de região. Só que as regiões onde estes tremores ocorreram são regiões de subducção, ou seja, são regiões onde a crosta suboceânica mergulha no manto terrestre, fazendo a reciclagem da mesma. E isto muda tudo.

Pois neste caso a fronteira entre a litosfera e o manto inferior não mais é determinada pela profundidade e sim pela morfologia específica daquela região, a qual é dinâmica e altera-se exatamente pela movimentação das estruturas do local. Aí pode estar a resposta. O que aparentemente pode ocorrer é a alteração nas condições destas fronteiras, com a movimentação de material menos rígido pertencente ao manto, alterando com isto o campo geomagnético de forma a produzir mudanças também na interação das partículas do vento solar com este mesmo campo apenas nesta região, o que produziria a alteração verificada na ionosfera.

Tanto que animais, que reconhecidamente são mais sensíveis a campos elétricos e magnéticos, como serpentes, rãs, pavões, roedores, animais em hibernação, animais aquáticos, cervos, esquilos, hipopótamos, girafas e mesmo tartarugas (até elas são mais sensíveis que nós) alteram de modo drástico o seu comportamento nos momentos que antecedem a grandes tremores.

Talvez seja o caso verificar se podemos produzir pequenas variações na amplitude e na orientação do campo magnético próximo a estes animais e verificar se isto (ou alguma outra alteração) faz os mesmos passarem a se comportar como passam a fazê-lo na iminência de grandes tremores. Com isto poderemos desenvolver medidores e sistemas automáticos de aquisição e análise de dados para determinar a ocorrência do mesmo padrão observado na iminência destes tremores e utilizar esta informação para prevenir a população em regiões de elevada sismicidade.

Afinal, se até tartarugas conseguem, vai ficar muito chato passarmos muito tempo mais sem consegui-lo, mesmo depois de descobrirmos a relação entre a variação na ionosfera e grandes tremores.

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Xevious
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Posted: Tue Sep 18, 2012 1:39 pm Post subject:



Robson Z. Conti wrote:
a relação entre a variação na ionosfera e grandes tremores.

existe inclusive uma teoria de que os tremores teriam um gatilho externo a Terra

o do Chile, logo antes ao tremor teve uma ocorrência de uma rajada de raios-gama, vinda de uma estrela

claro que alguma ação externa pode mesmo influenciar a gente aqui
mas acredito que seria uma interferência menor e não ser toda de responsabilidade dela
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Robson Z. Conti
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Posted: Wed Sep 19, 2012 12:25 am Post subject:



Xevious wrote:
existe inclusive uma teoria de que os tremores teriam um gatilho externo a Terra

O terremoto do Chile ocorreu após uma sequência exatamente igual a que me permitiu prever com alguma antecedência os tremores na costa oeste das Américas no mês passado, ou seja, aumento da frequência e na potência dos tremores na dorsal meso-atlântica, seguida de sua quase eliminação, seguido por um aumento da atividade de médio porte (M5.0 a M6.9) em diversas partes do mundo, passando em seguida a ao menos um evento de maior intensidade (M7 para cima) na região oriental do Pacífico, o qual é seguido de ao menos um tremor de intensidade similar na costa oeste das Américas. Ocorre também de uma diminuição dos tremores de menores magnitudes (menores que M4,5) principalmente na região da falha de Santo André nos dias que antecedem aos tremores acima de M7.

Isto está me levando a considerar que, a não ser que os fatores externos ao nosso planeta perdurem por muitas semanas, este tipo de evento é gatilhado por fatores geológicos.

Além disto, a visão que se obtém a partir dos dados que temos da deriva continental e da movimentação das placas tectônicas nos permite uma explicação muito mais simples e com menor quantidade de entidades envolvidas o que me leva a, na falta de alguma descoberta inesperada, continuar achando que o problema é mais embaixo (literalmente, no caso em questão).

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Adicionado em 15.11.2012: Com base no que pode ser visto acessando http://earthquake.usgs.gov/earthquakes/map/ selecionar “30 days, All” no campo “Data Feed”, alterar o campo da esquerda da “Magnitude” para 6.0, há uma pouco rotineira concentração de eventos mais fortes na costa oeste das Américas com um grande espaço sem eventos de maior magnitude no trecho que compreende a costa oeste do México e Estados Unidos. Apenas por precaução, eu não visitaria esta região nas próximas semanas, se bem que há outro “buraco” mais ao sul entre a Guatemala e o Norte do Chile.
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